quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Uma Noite na Fronteira.


O viajante desce a montanha.
Durante a noite descansa próximo a uma fogueira.
Sabe ele que pela manha terão de enfrentar o vale sem fim. Apenas descansa, pois sabe que não pode impedir seus passos. Dorme tranqüilamente protegido e aquecido pelo fogo.
A noite passa sobre a terra, o fogo apaga-se e surge a aurora. É hora de caminhar.
O viajante mantém os olhos fixos no horizonte impalpável.
A luz ilumina suas costas, sua cabeça, seu rosto, seu peito e cai no horizonte trazendo consigo a noite e as estrelas.
O viajante ascende uma fogueira e descansa. Pela manhã o viajante desperta. Levanta-se e põe-se a caminhar e de novo a sina se repete.
O viajante nunca olha para trás e tudo o que prende sua atenção é a luz que teima em desaparecer no horizonte.
Segue confiante, não percebe o acúmulo do tempo sobre seus ossos e imagina a todos os instantes que o relógio da vida ele pode alcançar.
O viajante morre e toda a luz agora lhe será estranha.
De novo surge a aurora e outro viajante recomeça a história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário