quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O anjo apaixonado.


Todas as noites a luz banhava as águas no lago próximo a montanha azul.
A pureza das águas revelava a imagem de todos os seres.
Certa noite uma jovem, filha da floresta, descobriu-se mulher. Resolveu então ir até o lago e descobrir qual era a sua imagem.
Seus olhos negros brilhavam intensamente mostrando-lhe todo o fogo da sua alma.
Seus cabelos negros, longos e lisos pendiam de sua cabeça, perfuravam o espelho das águas e se cruzava com seus reflexos.
Sua face suave e bela fora revelada e agora todos os seres conheciam a virgem da floresta.
Despiu-se e banhou-se nas águas. Seu cheiro de fêmea, mulher feita, misturou-se ao vapor e subiu aos céus.
Uma estrela anjo do norte viu sua imagem e sentiu seu cheiro, apaixonou-se e na noite seguinte enviou um feixe de luz tão intenso que a luz refletia na água e na jovem transformando tudo em ouro.
Todas as noites a luz dourada e a jovem bela se amavam no espelho das águas.
Os demais astros se sentiram ofendidos e cobriram o céu com nuvens carregadas.
Os relâmpagos, os trovões não afugentaram a jovem moça que todas as noites esperava pela luz dos céus.
O frio e a chuva não eram maiores que sua solidão e suas lágrimas.
No espelho das águas sua imagem era desfeita, mas suas lágrimas vibravam sobre os espelho quebrado, rompiam a barreira das nuvens e eram ouvidas pelas estrelas. Em resposta seu amante enviava toda a sua luz. Ela iluminava uniformemente as nuvens acalmando-as. Alguns finos raios perfuravam a tempestade e encontravam aconchego sobre o corpo da amada.
O amante resolveu vencer a implicância das nuvens. Enviou toda sua luz e existência em direção a sua alma gêmea. A luz perfurou as nuvens abrindo um caminho continuo.
A luz caiu sobre o corpo da jovem e a possuiu. A luz penetrava e seu corpo se abria contorcendo e vibrando intensa energia.
Quando o ultimo raio de luz a penetrou seu gozo expirou. Havia sido fecundada e estava condenada a dar a luz.
A estrela se apagou. As nuvens se fecharam no momento em que o ultimo raio de luz as atravessou. As sombras da estrela apagada caíram sobre as nuvens forçando-as a descarregar toda a umidade e dissipar-se na atmosfera.
Na noite seguinte a moça foi ao lago e não enxergou seu reflexo, porém quando fechava os olhos via a sua imagem e a de seu amante como se fossem máscaras guardadas no espelho das águas.
Sentia a vida no ventre. Esperou com paciência e confiança pelo momento em que daria luz ao amante da lua.

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