quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O artista do deserto.



Sol escaldante, eterno.
Sede, língua ansiosa e lábios rachados.
Caminhava com fé, queimando os pés no fino grão dourado.
Vento seco; árida mortalha de areia e bafo.
O corpo fraquejava, os olhos palpitavam, o coração enxergava, os pés sonhavam, o homem caia.
O vento, feito serpente, apagava as pegadas do homem.
O tempo e o vento seguiam em silêncio a fina seca sombra de alguém.
Areia, areia, montanhas dela.
Sol, sol, em todos os cantos.
O corpo balançava, pendia caia e a cabeça balançava, sinalizava, sonhava. À frente, lá depois da noite, oásis.
Caminhava. O sol queimava, o vento soprava, caia, rolava.
O suor pingava seco antes do vapor.
A língua estendida e dura clamava.
O homem seguia.
A noite; ela veio e cobriu o homem de esperança. Ele sonhou. Viajou, esteve no paraíso; gozou; água suave e fresca, belas gargantas a espera; ele amou. Flores sombra, chuva, noite. Estrelas no céu, urubus; ele acordou.
Seus olhos perfurados. Seu liquido vermelho sangue brotava intenso vivo. Noite manha escaldante. O homem estendeu os braços, sorriu. Luz calma, aconchegante; tocou, enxergou. Feliz enfim. Ele chegou.

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