quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Basta.

Basta.
Não quero mais.
Estou cansado de ver meus ossos virarem fumaça.
Não acredito em vida após a morte e nem em sucesso depois da mordaça.
Não insistam nessa conversa fiada de herança cultural, pois meus olhos estão cansados de ver todo o sofrimento virar cálculo super faturado.
Cansa-me esse discurso empolado de sofrimento problematizado, enquadrado, estudado e teorizado com frieza e contemplação.
Entregarei agora meu halo sem brilho, pois antes que eu morra, quero pelo menos plantar uma árvore ou ter um filho.
É desnecessário sofrer sem ser ouvido, consumir todas as energias sem ser atendido.
Morrer então!
Qual a razão de tudo isso?
Podarei minhas asas, pois tudo o que quero é caminhar.
Sentir a terra fresca, o por do sol e quem sabe amar.
Admito, sou um fraco, feio e sem graça, porém corajoso, capaz inclusive de enxergar com lucidez toda a desgraça, contar os cadáveres e as almas que vagam desavisadas.Desalmadas.
Guardar todas as lágrimas até que o leito seco chore sua carcaça.
Pois assim sou. Anjo sem fé.
Que morre todas as noites.
Que sonha, sonha e sonha.
Ansioso, angustiado e confuso.
Por um galho seco sem arbusto.
Temeroso e rancoroso, imagina um final feliz.
Ladrão e egoísta todas as noites.
Pensa que é artista.           


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