sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O homem e a máquina




Este encontro foi registrado nos anais da história, o dia em que o homem e a máquina se puseram frente a frente.
O homem iniciara sua evolução lentamente, a principio projetou sua mão na parede e iniciou um processo que não teve mais controle. Criou ferramentas que substituíram a função de seu corpo, que o prolongavam.
Aficionado pela conquista da eternidade esqueceu de perpetuar a espécie e projetou seu duplo, através das mãos mecânicas; projetou o instrumento que estava ponto de substitui-lo.
O homem finalmente conseguiu projetar um objeto que apresentava todos os ideais estéticos a qual o homem aspirava, porém a máquina que realizava todas as tarefas que julgassem necessárias e sem os incômodos causados pelos serviços humanos, possuía um defeito; não possuía autonomia e ainda estava sujeita aos comandos humanos.
O homem havia esquecido sua origem animal, sua carnalidade, suprimira a presença da morte projetando a eternidade em um objeto.
O homem se viu diante de uma difícil decisão; se projetasse à autonomia da máquina, colocaria em suas veias de metal o sopro da morte e o sonho da eternidade chegaria ao fim. Na duvida avançou e consentiu com a maquina, porem antes resolveu consultar um sábio, pessoa respeitada e um dos últimos críticos desse ideal.
Ele abriu as portas de sua morada e deixou que o homem e a máquina sentassem a mesa. Quando soube das intenções de ambos o sábio pronunciou-se:
-          A sua busca pela eternidade está a um ato de provocar a extinção da humanidade. Disse ao homem:
-          Você cerrou seus olhos, denegriu seus sentidos e fechou-se em seu orgulho e vangloria-se das conquistas, em nenhum momento enxergaste o mal que causaste, as vidas ceifadas. Espero que acordes estas a ponto de criar uma nova espécie, espécie esta que o extinguirá.
O homem titubeou, mas ainda incrédulo com as previsões do sábio decretou:
-          A decisão está tomada e você será usado no projeto, talvez consiga salvar o mundo tendo seu coração batendo entre latas.
-          O sábio com expressão firme e sem se abalar dirigiu-se ao homem e projetou as ultimas palavras:
Como é de seu desejo, assim o farei, darei minha mente e meu coração, minha alma se desfará desta carne e se abrigará neste objeto, porém quando acabar e a vida for extinta da face da terra, espero que tenhas piedade e não me culpe pela ausência

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